"O Papa ama a todos, ricos e pobres, mas tem obrigação, em nome de Cristo, de lembrar que os ricos devem ajudar os pobres, respeitá-los e promovê-los. Exorto-vos a uma solidariedade desinteressada e um regresso da economia e das finanças a uma ética propícia ao ser humano"(EG 58).
Jesus ama a todos, faz surgir o sol e cair a chuva sobre o justo e o injusto(Mt 4,45). Esta é a lógica do evangelho de Jesus, ir atrás da ovelha desgarrada, salvar a todas. É nesse espírito de misericórdia que o papa exorta os responsáveis e dirigentes dos países a trabalhar para uma política justa e humana que venha ao encontro do bem-estar de seu povo, e não do proveito pessoal.
"Enquanto não se eliminar a exclusão e a desigualdade dentro da sociedade e entre os vários povos, será impossível desarraigar a violência"(EG 59).
O papa faz um apelo à justiça social, cuja ausência gera a violência. Atribui-se com frequência aos pobres a violência, os assaltos. Jesus disse: "Você vê o cisco no olho do outro e não vê a viga que está no próprio olho!" (Mt 7,3).
Hoje os assaltos e a violência são de grupos organizados, pessoa de grande poder econômico que contratam capangas para executar o seu próximo por algum tipo de interesse ou por "queima de arquivo".
Quando os pobres praticam delitos para saciar a fome, necessidade primária de sobrevivência, são punidos vergonhosamente. Enquanto isso, pessoas importantes na sociedade roubam por ganância, por desonestidade, e ficam impunes.
Não adianta construir penitenciárias, aumentar o policiamento nas ruas, se não houver respeito à dignidade humana. Não é com cadeias que se vai mudar o mundo, mas com política justa de respeito aos valores humanos, sem discriminação de raça, cor e religião. É dando condições dignas de trabalho, educação e saúde a todos - e não com pequenas esmolas - que um governo conserta uma nação.
"Sabe-se que o consumismo desenfreado, aliado à desigualdade social, é duplamente danoso para o tecido social" (EG 60).
A desigualdade e a exclusão social vão criando um clima de insatisfação irritante perante o crescimento da corrupção em muitos países, especialmente entre os mais pobres econômica e culturalmente. Há governantes desinteressados em investir no crescimento educacional do seu povo a fim de mantê-lo incapaz de exigir e cobrar os seus direitos.
D. Geraldo Majella Agnelo
Cardeal Arcebispo Emérito de Salvador/BA
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