domingo, 29 de junho de 2008

Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja

Os pilares da Fé Cristã
Jesus "escolheu 12 apóstolos para estarem com Ele e irem evangelizar" (Mc 3,14). A comunidade fixou mais as figuras de Pedro e Paulo, por serem como que uma síntese de tudo o que foi realizado no anúncio do Evangelho. Jesus é a pedra angular (Mt 21, 42). Se chamamos Pedro e Paulo de pilares é porque, em dois mundos diferentes, por caminhos diferentes, realizavam a mesma missão: formar a Igreja de Cristo nos povos.

Curiosamente Pedro é mais conhecido que Paulo. Por outro lado, Paulo é mais apreciado pelas palavras que nos deixou. Pedro era o homem simples, arrojado, cheio de toda gama de sentimentos. Paulo é o rabino, teólogo eloquente, criativo e corajoso. Pedro é popular porque sua vida é como a de muita gente, um homem do povo. Paulo é mais exigente intelectualmente, sendo mais próximo das pessoas de estudo. É mais fácil falar de Pedro.

São dois mundos mas a mesma missão. O prefácio da missa reza: "Ambos trabalharam, segundo a sua graça, para reunir a única família de Cristo".

No chamado concílio de Jerusalém, os apóstolos viram a situação pastoral e deram uma resposta ousada, são capazes de dividir a Igreja em dois mundos diferentes: de um lado os judeus com sua tradição, do outro os pagãos. Eles dividem o mundo. Por que tanta coragem? Não pregavam um rito, um punhado de palavras, mas Jesus que estava vivo e queria a todos vivos. Assim crescem dois galhos frondosos: os filhos de Israel e os vindos do paganismo, unidos pela única caridade e a mesma fé. Quanto falta faz a Igreja essa ousadia. Hoje brigamos para defender pequenas coisas, e o mundo continua sedento e faminto de Deus. Por conta nossa, buscam conforto e alimento em fontes tão insuficientes. Celebrar Pedro e Paulo, é mais que uma festa, é um desafio.

Dois mártires, o mesmo martírio
Pedro foi preso por Herodes que queria matá-lo depois da Páscoa. Foi libertado pelo Anjo. O senhor mandou seu anjo e o salvou das mãos de Herodes(At 12,1-11). Herodes agripa I (neto de Herodes do nascimento de Jesus) queria cortar a cabeça da Igreja nascente. O Anjo libertou Pedro. Paulo faz a mesma experiência da presença de Deus (1TM 4, 17), Pedro reconhece a perseguição na Comunidade (2 Pd 4,21).
A única missão dos dois apóstolos, anunciar Cristo, une-os no martírio de sangue, que foi expressão do testemunho e suas vidas: "Tu és Cristo, filho de Deus Vivo" (Mt 16,16), como professa Pedro; como professa Paulo: "Combati o bom combate, terminei minha carreira, guardei a fé"(2Tm 4,7). Agora, "associados na glória, recebem a mesma veneração" e rogam por nós.

Pe. Luiz Carlos de Oliveira, C.Ss. R.

domingo, 22 de junho de 2008

O criminoso sempre assina sua obra

Nada há de encoberto que não seja revelado. Com estas palavras Jesus nos deixou um grande ensinamento. Não adianta mentir, caluniar, ou encobertar os fatos, um dia virá à tona e a dor pode ser muito grande. Aprendi que custe o que custar, doa a quem doer, fique amarelo para não ficar rocho depois, mas fale a verdade. A verdade te impede de entrar em contradição, já a mentira o obriga a sempre inventar uma para encobrir outra e dentro de pouco tempo não engana mais ninguém.

O Evangelho de hoje, Mt 10, 26-33, nos chama atenção para este tema. Em um período de descobertas de fraudes e crimes sendo desvendados, os criminosos sempre deixam a assinatura nas suas obras. Aquele que pratica a iniquidade e semeia ódio, rancor, desavenças e a revolta colherá frutos da mesma natureza de sua semeadura.

domingo, 4 de maio de 2008

Ascensão do Senhor


A constatação que pode causar alguma perplexidade aos cristãos mais politizados é que Jesus, depois de sua ressurreição, não retomou suas atividades de antes nem implantou nenhum reino-partidário no mundo. Como herdeiros de sua missão e como Comunidade eclesial, devemos reinventar a missão, aprendendo a ler e compreender os sinais dos tempos. Na Ascensão do Senhor, não celebramos uma despedida, mas uma nova maneira de estar presente no mundo. Jesus, a partir de então, abre-nos definitivamente o futuro e torna-se, para nós, a cada momento presente, o Próximo.

Toda a nossa prática está colocada sob a proteção deste mesmo Espírito que será derramado, em Pentecostes, sobre a comunidade eclesial, inaugurando um novo tempo, o da Igreja no Espírito, uma igreja-testemunha do Ressuscitado até "os confins da terra". O teólogo e cardeal Urs von Balthasar escreveu: "A verdade da vida cristã é como o maná do deserto: não se pode deixá-la de lado para conservá-la; hoje está fresca, amanhá estará murcha. Uma verdade que só continua a ser transmitida, sem ser repensada a fundo, perdeu a sua força vital. O vaso que a contém, por exemplo, a língua, o mundo das imagens e conceitos, enche-se de pó, enferruja-se e esmigalha-se. Aquilo que é velho só permanece jovem se, com o vigor mais juvenil, é referido àquilo que é ainda mais antigo e, no entanto, sempre atual: a Revelação de Deus, o Emmanuel, o Deus conosco".

Não podemos jamais esquecer que a plenitude do Cristo se apresenta, a cada nova manhã, como o prisma de travessias e caminhos, e que a ela devemos nos entregar sempre de uma maneira renovada, pois "o Espírito sopra onde quer, Cristo dá aquilo que quer, e o Pai exige e toma como quer" (von Balthasar). Não temos de fazer propaganda de uma religião determinada, como se fôssemos marqueteiros do Céu e mascates de graças e carismas. A igreja conduzida pelo Espírito busca a santidade, e não é um mercado de ilusões.

É vital saber que anunciamos um acontecimento divino que a ninguém deixará impune: todos terão conhecimento Dele para afirmá-Lo, recusá-Lo ou negá-Lo. A Ascensão do Senhor é o prelúdio da missão da igreja, e nela somos chamados a viver imersos no seu mistério e na vocação à santidade, pois é a santidade do Pai, refletida historicamente em Jesus, comunicada ao mundo pela ação do Espírito e recebida na Comunidade, que realiza o amor fraterno.
Pe. Paulo Botas, mts

domingo, 27 de abril de 2008

Permaneça convosco o Espírito de Verdade!


Na força do Ressuscitado Os discípulos, depois da Ressurreição, começaram a anunciar Jesus com vigor e grandes resultados. O anúncio era seguido da ação do Espírito sobre as comunidades. É a realização da promessa de Jesus: "Se me amais, observareis os meus mandamentos, e eu rogarei ao Pai e Ele vos dará outro Paráclito (defensor), para que convosco permaneça para sempre".(Jo, 14,15-16). Assim se desenvolve a igreja. Pedro estimula em sua carta a "estar pronto a dar razão da esperança a todo aquele que pede". (Pd 3, 15).

É o que vemos no diácono Filipe. O fogo do Espírito, que recebera pela imposiçào das mãos para "servir às mesas"no servir à grande mesa da Palavra. Repartia a Palavra anunciando Cristo ressuscitado.

A alegria da fé invadia a cidade de Samaria que acolhera o anúncio. Os apóstolos, como que em uma ação de toda a Igreja, fazem-se presentes e conferem o dom do Espírito pela imposição das mãos. A Igreja é sempre comunidade do Espírito, mas também organizada, desde que não sufoque o Espírito.


No amor do Ressuscitado De onde surge nos discípulos esse vigor apostólico? O amor a Cristo ressuscitado é a energia que os conduz. O amor é um sentimento gostoso, mas a observância do mandamento de Cristo: "Quem tem os meus mandamentos e os observa esse é que me ama". O amor a Cristo gera reciprocidade. "Quem me ama será amado por meu Pai".

Amor é união e, para Jesus, permanência. O Espírito permanece conosco (Jo 14, 17). Não só o Espírito, mas "nesse dia compreendereis que eu estou no Pai e vós em Mim e Eu em vós".(Jo 14,20).


Um detalhe curioso: quanto menos temos uma visão humana de Cristo, "pois o mundo não me verá", mais o veremos pelo amor: "Quem me ama... Eu o amarei e a ele me manifestarei". Não dispensa a condição humana da fé, mas o fundamental é o amor.
Pe. Luiz Carlos de Oliveira, C.Ss.R.

domingo, 13 de abril de 2008

DOMINGO DO BOM PASTOR


O Pastor de nossas almas caminha à nossa frente. Pelo amor que aprendemos da intimidade com Ele, podemos entrar no coração de Deus.

Vim para que tenham vida

As palavras de Jesus eram extremamente fáceis e iam direto ao coração. ele não veio para fazer discursos, mas para comunicar sua Vida, para que todos tivessem vida e vida em abundância. A alegria do Pai é que demos frutos a partir dessa selva de vida abundante à qual estamos unidos. A leitura do Evangelho de João sobre o pastor e as ovelhas(Jo 10, 1-10), neste tempo pascal, revela-nos que a Ressurreição abre para todos a porta segura para as pastagens, isto é, a vida nova do Reino. Essa vida nova é a intimidade com o Pastor, que de cordeiro ferido e sacrificado se faz Pastor do rebanho. Jesus conta uma parábola cheia de símbolos muito ricos para o povo de Deus. Jesus chama-se de Pastor num relacionamento de proximidade com as ovelhas. ele as conhece pelo nome e as conduz para fora. As ovelhas seguem-no, porque conhecem a sua voz. Notamos assim que a religião não é negócio com Deus, uma troca, mas um mútuo conhecimento e mútuo afeto. Esse relacionamento entre Pastor e ovelhas é o princípio da vida nova da Ressurreição.

Eu sou a porta

Jesus, tendo contado a parábola, percebe que seus ouvintes não a entenderam. Explica que ele é a porta das ovelhas. Não só é Aquele que conduz, mas é por Ele que devem passar: "Eu sou a porta das ovelhas". Jesus diz em outro lugar que devemos passar pela porta estreita, quer dizer que não há outro modo de chegar ao Reino celeste a não ser por meio dele. "Quem entrar por mim será salvo; entrará e sairá, e encontrará pastagem"(jo 10, 9) e também "Ninguém vai ao Pai senão por Mim".(Jo 14,6). Outros que se fizeram passar por Cristo destruíram, exploraram e mataram as ovelhas. Por isso, nossa responsabilidade de pastores com Cristo é conduzir para Ele e não para nós. Somente Ele tem a vida em abundância.
Pe Luiz Carlos de Oliveira, C.Ss.R.

Sou Bom Pastor, ovelhas guardarei, não tenho outro ofício nem terei(Papa João Paulo II)

domingo, 6 de abril de 2008

Crucificado ou Ressuscitado, você escolhe...

Nos dias de hoje, parece até que a descrença que toma conta da maioria das pessoas, a ressureição de Cristo parece não ter muito significado mais. Pelo evangelho de Lucas 4, 13 - 35, a igreja chama atenção neste domingo para os dois discípulos que caminhavam rumo ao povoado de Emaús e que discutiam sobre o absurdo que tinha acontecido em Jerusalém, quando já fazia 3 dias que Jesus havia sido crucificado. Eis que o Cristo aparece, senta-se à mesa com eles e se revela a eles ao partir o pão, ratificando a importância da eucaristia.

Observando os dias de hoje, me pus a perguntar: Nos dias atuais, o Cristo está sendo crucificado ou ressuscitado? A conclusão que chego é que o Cristo tanto é crucificado como também é ressuscitado. Como? O Cristo está sendo constantemente crucificado naquele que defende a prática abortiva, naquele que se omite frente aos problemas sociais,naquele que nega o espírito cristão em suas pequenas atitudes. O Cristo está sendo crucificado na corrupção corrente e presente na mente de muitas pessoas, na imoralidade e naqueles que "acham" normal o uso de pílulas do dia seguinte, naqueles que acham que a igreja é retrógada por defender a vida, são inúmeros os casos de crucificação de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Por outro lado, o Cristo também ressuscita em diversas situações, a vida insiste em sobreviver apesar de tantas controvérsias. A celebração da Eucaristia é uma forma de ressuscitação, entretanto podemos ver também a ressureição em diversas atitudes humanas, naquele que mata a fome de quem quer que seja, nas obras fantásticas desenvolvidas pela Sociedade São Vicente de Paulo por todo o mundo, nas associações de Sopas para Pobres, nas gentilezas, nas generosidades e como há fórmulas de ressuscitar o Cristo.

Você, prezado leitor, escolhe: A Vida na Ressureição de Cristo Jesus ou a morte na Crucificação.

domingo, 30 de março de 2008

Feliz daquele que crê sem ter visto(Jo 20, 19-31)

Neste domingo o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo nos chamou à reflexão sobre a crença sem termos visto. Nós vimos Jesus? Pelo menos o Cristo histórico nós não vimos, a final Ele viveu ha dois mil anos atrás. Mas o Cristo ressuscitado, vimos? Depende. Por que depende? A experiência com Jesus poucos, mas muitos poucos realmente viveram ou vivem. Enquanto as pessoas continuarem querendo ver Deus com os olhos físicos isso está longe de acontecer.

Lembra daquela vez que você foi salvo em alguma situação? Aquele acidente deixou de acontecer, uma dívida que como em um espetáculo de mágina, deixou de existir? Coincidência, diriam os discrentes, os materialistas. Entretanto para quem vive diversas experiências dessa natureza, para aqueles que observam determinados acontecimentos com os olhos da fé, não há dúvida, a mão misericordiosa de Deus agiu e age em quase todos os dias.

Mas como viver esta experiência? Como percebê-las. Entendo que não há fórmulas mágicas para isso. Cada um vai ter que descobrir, isso vem do âmago do próprio ser, está nas diversas porções do Espírito Santo que está presente em cada um de nós. Este mesmo Espírito que o faz agir, pensar, raciocinar. Esta energia, esta força que nos move, depende de seu livre arbítrio para tornar ou o Espírito Santo de Deus ou o Espírito Diabólico de lúcifer.

Entendo que a pessoa tem que se deixar se elevar pelo Espírito Santo de Deus. Nas celebrações temos que entrar desarmado de críticas ou soluções prontas. Soluções prontas, somente Deus as têm. Deixe Deus tomar conta de sua Vida, entregue a Ele os seus problemas e deixe as soluções emergirem do caos. Na hora que você menos esperar, lá estará ela, os problemas estarão resolvidos.

São Tomé não acreditou, humano que era, mas Jesus reapareceu e lhe mostrou as mãos e as marcas dos pregos. "Não sejas incrédulo, mas fiel", é a ordem do Mestre para todos nós. Jesus Cristo ressuscitado deixou de ser um cidadão somente do Oriente Médio para ser o Senhor de todas as nações. Portanto, meu irmão, creia sem ter visto, se Jesus está presente na Eucaristia, Ele está no meio de nós e realiza milagres, prodígios e promove a solução de todos os nossos problemas.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Do blog: http://contra-o-aborto.blogspot.com/

Abaixo, segue uma carta aberta de Emanuelle Carvalho Moura dirigida aos ministros do STF.
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Prezados Senhores Ministros,

Dia 05 de março de 2007, os senhores decidirão sobre uma das mais importantes questões da história jurídica brasileira: a manipulação ou não de vidas de indivíduos humanos: se, na fase embrionária, será permitida essa atrocidade.

Para se justificar tal absurdo, os cientistas defensores do uso de pessoas como cobaias de laboratório procuram igualar o estágio em que o ser humano embrião se encontra com uma espécie de “morte encefálica”. Ora, quando há morte encefálica em um indivíduo na fase terminal de sua vida ocorre uma perda neuronal irreversível enquanto que um embrião encerra todas as pluripotencialidades de coordenação e construção de si mesmo, do seu encéfalo inclusive porque no início de sua vida encontra-se, vida desse organismo que, cientificamente já é constatado: inicia-se na concepção. Igualar dois processos biológicos distintos como se o início da vida de um organismo humano equivalesse à morte e término, não passa de desonestidade intelectual.

Esse argumento é muito divulgado pela Sra. Mayana Zatz, sua colega, Lígia Pereira, também favorável à manipulação de células tronco embrionárias humanas, não ousa contestar que o início da vida de um organismo humano inicia-se na concepção, pelo menos é o que reporta nos seus livros sobre o tema. A Dra. Lígia é transparente, diz, fazendo inveja a Hitler: “o início da vida de um organismo humano é a concepção, queremos apenas que o Supremo nos dê autorização para usá-la como cobaia de laboratório, posto que podemos conseguir tal matéria humana, em princípio, através desse resto de embriões congelados das ricas clínicas de fertilização in vitro”. Esse tipo de exigência não difere da dos homicidas. Se houvesse uma audiência pública com especialistas em torturas, mortes violentas e manipulações, aposto que pediriam autorização do Supremo para saber até que momento da vida de um organismo humano eles podem picotar o indivíduo com a segurança de que não seriam punidos. Com o andar da carruagem, tenho medo de que se autorizem leis que permitem enfiarem-me uma faca na garganta porque estou desempregada e sou inútil, neste momento, à Economia do meu país.

A ciência caminha a passos lentos e prudentes. Temos realmente uma esperança que nasceu em laboratórios há muito mais tempo do que toda esse sensacionalismo, adoçado por Mayana Zatz, sobre CTEH. Diz esta bióloga que as CTEH “são as únicas esperanças para a cura de doenças muito graves, muito letais e a população tem fé de que irá se curar se o Supremo permitir que nós (os salvadores modernos) manipulemos alguns outros menos importantes e silenciosos (embriões congelados) do que estes adultos que, cheio de esperanças e ignorâncias, clamam pelo favorecimento de tal manipulação”. Ora, por que a ciência de Mayana Zatz faz apelos populares mesmo sabendo que a maioria da população, leiga e desinformada, não consegue discernir todas as conseqüências éticas e até científicas dessas manipulações? A ciência ética costuma ser prudente e cuidadosa para não criar falsas esperanças em inúmeras famílias que sofrem com pacientes crônicos e que apostariam até a vida de inocentes para terem sua tão almejada “cura”.

Até hoje, NADA de eficaz foi obtido através da manipulação de CTEH. A não ser que teratomas descontrolados em roedores seja evolução.... NENHUMA CURA. Porém, quanto às Células Tronco Adultas, retiradas da Medula Óssea, já houveram CURAS em crianças e inúmeros sucessos em mediciana regenerativa como os Senhores Ministros puderam constatar na audiência pública de abril de 2007 através dos cientistas favoráveis apenas às manipulações de células tronco adultas. E, ainda, que se pode obter células com potencialidades da embrionária através dessas próprias células adultas da pele de seres humanos adultos.

Por que apostar no vazio? Se podemos evoluir dentro dos campos da ética, sem ferir a dignidade da vida humana? Nos mercados públicos da minha cidade, Teresina, somos acostumados a ver “curadores” com garrafas preenchidas de água suja que eles dizem ser abençoadas e que “cura de todos os males”. Esse tipo de charlatanismo parece não acontecer somente no meio de desletrados. Estamos assistindo à maior farsa da ciência que são as ilusões que se obteriam das células tronco embrionárias humanas e o apelo que esses cientistas pró-CTEH fazem não é racional, mas sempre embasado na manipulação psicológica e dos sentimentos de gente ingênua. Para desqualificar argumentos contrários, racionais e éticos, dos cientistas pró-CTA, aqueles dizem que estes não passam de “religiosos fanáticos”. Um olhar mais atento, por outro lado, revela que são os cientistas pró-CTEH, especialmente Mayana Zataz que, não satisfeita, caluniou uma das cientistas éticas e favoráveis apenas à manipulação de células de adultos, enfim, são estes que usam de uma religiosidade científica com direito a “curas milagrosas”, propaganismo de garrafeiro e falta de respeito ante outros colegas cientistas que sempre posicionaram-se reduzindo os debates ao tema em foco e nunca a agressões de ordem pessoal, nem a difamações.

Peço aos Senhores Ministros, diante do exposto, que dêem um exemplo que, não só o Brasil, mas o mundo precisa ouvir: CIÊNCIA SÓ É POSSÍVEL COM ÉTICA. O dever de proteger a vida humana desde sua existência enquanto organismo, a concepção, está consagrado como cláusula imutável de nossa rica Constituição Federal em seu Art. 5º, caput.. Ferir esse artigo significa colocar-se como maior do que a própria CF. E não feri-lo significará, nesse caso, proteger a vida humana de manipulações científicas, de escândalos como os da Coréia recentemente, de venda e compra de óvulos sob risco da saúde de mulheres que, desesperadas, recorrem a um dinheiro fácil e do tráfico de embriões que poderão, para a ganância de uma ciência caolha serem até fabricados em parceria com clínicas de fertilização in vitro (como a lei poderá controlar isso se abrir essa caixa de pandora?).

A vida dos embriões, organismos humanos em estágio pelo qual cada um dos senhores Ministros já passaram, está, nas mãos dos senhores. Escutem a voz da Razão e sejam exemplo para o Brasil e para o Mundo.

Com todo o respeito pela dignidade das vossas vidas,

Emanuelle Carvalho Moura

Estudante de Direito da Universidade Estadual do Piauí


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Autorizo ampla divulgação. Desde que o texto seja mantido na íntegra.

A Vida ganha mais 30 dias e continua agonizando.

Felizmente um dos ministros do STF pediu vistas ao processo e adia a votação do uso de células embrionárias por 30 dias. Dizemos felizmente porque a vida ganha 30 dias para ser discutida. As duas votações que já tiveram foram ambas a favor do uso de embriões como se vida não fosse, inclusive a votação do ministro Carlos Brito.

Ora Ministro, o assunto é muito maior que as letras frias da constituição. Dizer que a vida começa quando a mulher dá a luz e termina com a morte cerebral é muito superficial, precisa de repensar esta idéia, o mundo corre depressa para desenvolver uma cultura da morte, que se não for combatida a tempo, pode transformar nosso planeta em terra de ninguém e sem sentimentos.

A justificativa de salvar vidas também não encontra respaldo, não se justifica matar uns para salvar outros, no fim somos todos iguais. Existem leis que estão muito além das nossas leis frias das Constituições ou Códigos e no fim todos seremos julgados por elas sem distinção. É bom começar a pensar nisso.

Outro precedente perigoso que estaria acontecendo em se aprovar um absurdo deste, é o caso de uma mulher grávida, que esteja faltando um dia para o nascimento da criança, poder dar fim à criança sob pretexto que se ele ainda não nasceu, portanto não possui vida, ainda não tem direitos, pode ser eliminada. Haja incensatez!

Onde está o direito do Nascituro? Ele existe ou vai morrer também juntamente com a vida dos embriões?

Os que defendem o uso indiscriminado destas experiências podem não ter passado pela experiência de acompanhar a gestação desde a concepção até o nascimento de um filho ou filha. Lembro-me com muito prazer de quando fomos fazer o primeiro ultra som logo depois da concepção de minha filha, menos de um mês. Ela estava pouco maior que um grão de arroz. O médico mostrava-nos como ela era esperta e como parecia feliz com a nossa preocupação pela sua vida, ela se locomovia de um lado pelo outro das paredes ulterinas e um sentimento diferente tomou conta tanto de mim quanto de minha esposa e a satisfação de cuidar daquela vida invadiu as nossas almas. Durante os 9 meses procuramos não alimentá-la com nada que a pudesse prejudicar após o nascimento. Felizmente a minha esposa não faz, nem fazia, uso de quaisquer substâncias que viciam, mas mesmo assim, procuramos que ela alimentasse somente de produtos naturais, evitando, portanto, consumo de refrigerantes e frituras, procurando sempre consumir verduras, legumes e frutas frescas. O resultado foi que nasceu uma criança que nunca teve dor de barriga, nunca nos tirou uma noite de sono, é uma verdadeira graça.

Diante de tudo isso, estou convencido, a vida já existe na célula embrionária, utilizá-la para salvar outra pessoa, em que pese a nobreza da cura, estaríamos cometendo o absurdo de apagar uma vida em benefício de outra. O Espírito Cristão que temos, embora muitos somente dizem ter, porque na verdade não vivem nem procuram viver o Cristianismo, tem que falar mais alto e outras formas de cura deverão ser pesquisadas porque com uso de células tronco embrionárias estaríamos cometendo um assassinato, mesmo que as letras frias da lei não prevejam esta atitude como crime.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

MANIFESTAÇÃO EM DEFESA DA VIDA DA MULHER COMO DOM DE DEUS

Por: Maria Cristina Castilho de Andrade , Coordenadora da Pastoral da Mulher da Diocese de Jundiaí - SP

“ESCOLHE, POIS, A VIDA!” (Dt 30, 19) Recebemos, em 19 de janeiro do corrente ano, e-mail da coordenadora nacional da Pastoral da Mulher Marginalizada - PMM, educadora Bernadete Aparecida Ferreira, convidando-nos a contribuir com a PMM, na construção de um documento sobre o tema da Campanha da Fraternidade de 2008. Em anexo, veio um texto de autoria da coordenadora, com o título: “SOBRE SER CRISTÃ, MULHER, EDUCADORA PASTORAL E DEFENDER O DIREITO À VIDA DAS MULHERES”. Apesar de, no início, a autora do texto ressaltar que escreve em primeira pessoa, ao final identifica-se como a coordenadora nacional da PMM.Consideramos, portanto, necessária uma manifestação da Pastoral da Mulher da Diocese Jundiaí, que atua há 25 anos no submundo da prostituição. Informamos que esta manifestação foi aprovada por nosso Bispo Diocesano, DOM GIL ANTÔNIO MOREIRA. 1. A Pastoral, na Diocese de Jundiaí, deixou de utilizar o adjetivo “marginalizada”, a pedido das assistidas, em 1995, já que consideravam que o termo poderia dar a conotação de infratoras.

2. Estranhamos a visão da educadora Bernadete, em relação ao abortamento provocado, contrária ao que diz a Palavra de Deus e a Igreja, já que se encontra como coordenadora nacional da PMM junto à CNBB. Um agente de pastoral, que não concorda ou interpreta de sua maneira o que diz a Bíblia e a Igreja, não atua em conformidade com a fé que recebemos em nosso Batismo.

É bom esclarecer que a Pastoral da Mulher, da Diocese de Jundiaí, afastou-se dos encontros nacionais e estaduais, após encontrar, nos mesmos, como palestrantes, as integrantes da ONG “Católicas pelo Direito de Decidir”, que também se posicionam a favor da descriminação do abortamento e de outras lutas, das quais discordamos. 3. Ser católico, de acordo com a publicação da CNBB – 2 – Subsídios – “Sou Católico. Vivo a minha Fé” – 1.ª edição – 2007, é: crer em Deus Pai, Filho e Espírito Santo; alimentar a fé na fonte da Revelação divina, através da Tradição, da Sagrada Escritura e do Magistério da Igreja; aderir a Jesus Cristo e obedecer à sua Palavra; viver a fé como dom de Deus e tudo ofertar para o bem dos irmãos e irmãs.

4. O Catecismo da Igreja Católica – Editoras Vozes, Paulinas, Loyola, Ave-Maria – 1993, é claro a respeito do Quinto Mandamento, em seu artigo 5º: Não matarás (Ex 20,13)

Ouviste o que foi dito aos antigos: “Não matarás. Aquele que matar teráde responder ao tribunal”. Eu, porém, vos digo: todo aquele que se enco-lerizar contra seu irmão terá que responder no tribunal (Mt 5, 21-22). “A vida humana é sagrada porque desde a sua origem ela encerra a ação criadora de Deus, e permanece para sempre numa relação especial com o Criador, seu único fim. Só Deus é o dono da vida, do começo ao fim; ninguém em nenhuma circunstância pode reivindicar para si o direito de destruir diretamente um ser humano inocente”.

A respeito do aborto encontramos: A vida humana deve ser respeitada e protegida de maneira absoluta a partir do momento da concepção. Desde o primeiro momento de sua existência, o ser humano deve ter reconhecidos os seus direitos de pessoa, entre os quais o direito inviolável de todo ser inocente à vida. (2270)

Antes mesmo de te formares no ventre materno eu te conheci; antes quesaísses do seio, eu te consagrei (Jr 1, 5). Meus ossos não te foram escondidos quando eu era feito, em segredo,tecido na terra mais profunda (Sl 139,15).

A cooperação formal para um aborto constitui uma falta grave. A Igreja sanciona com uma pena canônica de excomunhão este delito contra a vida. (2272) Visto que deve ser tratado como uma pessoa desde a concepção, o embrião deverá ser defendido em sua integridade, cuidado e curado, na medida do possível, como qualquer outro ser humano. (2274)

5. O risco de interpretar a Palavra de Deus e os Documentos da Igreja, de acordo com uma visão particular, poderá incorrer ao vício capital da soberba, em que o ser humano se coloca, acima ou no mesmo patamar de Deus, como detentor do poder de estabelecer o que é o bem e o que é o mal. E todos nós não estamos libertos dessa tendência.A soberba se manifesta no domínio – as coisas devem ser como eu quero -, no vitimismo, na mágoa e no julgamento. A soberba considera que o outro não sabe nada, é desprezível, atua de maneira torpe às escondidas e o transforma em cadáver em seu interior. O contrário da soberba é a humildade. E a humildade é a verdade sobre si mesmo e o outro. Entrar na obediência, ao que ensina a Palavra de Deus, a Tradição e o Magistério da Igreja, é sinal de humildade.

Diz Maria no Magnificat: “Exerceu a força com Seu braço,dispersou os que se elevavam no seu próprio conceito” (Lc 1, 51).

Encontramos no Evangelho de São Mateus a respeito da obediência à Lei:

Não penseis que vim revogar a Lei e os Profetas. Não vim revogá-los, mas dar-lhes pleno cumprimento, porque em verdade vos digo que até que passem o céu e a terra, não será omitido nem um só i, uma só vírgula da Lei, sem que tudo seja realizado.Aquele, portanto, que violar um só desses menores mandamentos e ensinar os homens a fazerem o mesmo, será chamado o menor no Reino dos Céus. Aquele, porém, que os praticar e os ensinar, esse será chamado grande no Reino dos Céus (Mt 5, 17-19).

Ensina Santo Tomás a respeito da amizade com Deus: “Inconcebível é a caridade sem a obediência… E isto porque a amizade faz quererem ou não quererem os amigos as mesmas coisas.” (ST, 2-2, 104,3)

6. O Catecismo da Igreja Católica, em seu Artigo 2.º, a respeito do segundo mandamento: “Não pronunciarás em vão o nome do Senhor teu Deus!” (Ex 20,7; Dt 5,11), diz que: O segundo mandamento proíbe o abuso do nome de Deus, isto é, todo uso inconveniente do nome de Deus, de Jesus Cristo, da Virgem Maria e de todos os santos.” (2146)

E diz mais: “A proibição da blasfêmia se estende às palavras contra a Igreja de Cristo, os santos, as coisas sagradas. É também blafesmo recorrer ao nome de Deus para encobrir práticas criminosas, reduzir povos à servidão, torturar ou matar. O abuso do nome de Deus para cometer um crime provoca a rejeição da religião”.(2148)

7. Ser agente, em cargo de coordenação ou não, de uma Pastoral da Igreja Católica Apostólica Romana ou autodenominar-se católica e não se posicionar em comunhão com a Igreja consideramos que é incoerência, estelionato e blasfêmia.

8. Voltando ao Subsídio: “Sou Católico. Vivo a minha Fé”, na introdução, item 2: “A Tradição e o Magistério da Igreja nos apresentam o elenco dos Livros Sagrados aceitos, e nos ajudam na interpretação autêntica deles. Além disso, o Magistério da Igreja, assistido pelo Espírito Santo, nos orienta, de modo seguro, na vivência de nossa fé, na alegria da esperança e da caridade. Ajuda-nos a compreender que a nossa fé não é simplesmente subjetiva ou individual”.

9. Nós, assistidas, agentes da Pastoral da Mulher, diretoria da Associação “Maria de Magdala” e voluntários da entidade amamos e respeitamos o Papa, nossos Bispos, Sacerdotes e Diáconos. Acreditamos que a Igreja Católica Apostólica Romana foi fundada por Jesus Cristo e que é ela a comunidade em que o Ressuscitado está presente:

“Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28, 20b).

10. A respeito de duas citações do Evangelho: uma de São Mateus: 21, 31-32, e outra de São João: 8,1-11. Em São Mateus, Jesus diz: “Em verdade vos digo que os publicanos e as prostitutas estão vos precedendo no Reino de Deus. Pois João veio a vós, num caminho de justiça, e não crestes nele. Os publicanos e as prostitutas creram nele”. Não afirma que precederão por serem prostituas, mas sim porque creram em João Batista e quem crê age de acordo com sua fé. Sabe-se muito bem que João Batista pregava a conversão para receber o Salvador. E quanto ao encontro de Jesus com a mulher adúltera, no Evangelho de São João, Ele não se detém no: “Quem dentre vós estiver sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra!” Finaliza o Seu encontro, com a mulher adúltera, falando: “Nem eu te condeno. Vai, e de agora em diante não peques mais”. 11. A colocação seguinte, pela coordenadora nacional da PMM, dentre outras: “A decisão de abortar o que seria o broto de uma nova vida” é incoerente na visão da Palavra de Deus e da Igreja. Já é uma nova vida. Com 12 semanas, por exemplo, a criança possui as impressões digitais que estarão em seus documentos de identidade. O Dr. Dráuzio Varella, em seu artigo “A fonte maligna da juventude”, publicado em diversos órgãos de imprensa em novembro de 2007, afirma: “Na célula-ovo que deu origem a cada pessoa, reuniram-se os 30 mil genes da espécie humana: metade chegou com o espermatozóide e a outra os aguardava no óvulo”. Um ser humano, portanto, apenas com aparência física diferente do que será.

12. Sem dúvida o não querer um filho ou o estupro não são as expressões da vontade de Deus, mas a nova vida é. Se há vida, por aí passou Deus, o Deus Criador. 13. Discordamos, também, da defesa do abortamento pelas causas estruturais. Nada justifica tirar a vida de um ser indefeso. Se assim for, deverão ser, por exemplo, latrocínios, cometidos por pessoas em situação de pobreza, encarados com naturalidade, defendidos e legitimados.

14. Deduzir que quem trabalha com mulheres deve defendê-las somente, em toda e em qualquer circunstância, está em desarmonia com o Deus da Revelação. O Senhor busca todos os Seus filhos e a Palavra é clara a esse respeito: vai ao encontro de mulheres e homens, doentes, peregrinos, famintos, sedentos, encarcerados, cobradores de impostos, pagãos etc. Temos experimentado essa realidade no submundo. Nele convivem prostituídas, ex-prostituídas, garotos de programa, egressos e foragidos do sistema penitenciário, travestis, menores infratores, traficantes, oprimidos, opressores. E o Senhor quer ser anunciado a todos. Temos plena convicção disso! O Senhor Deus não exclui. A mulher não tem mais e nem menos valor do que o pequenino que cresce em seu corpo.

15. Incoerente, dentro do plano de amor de Deus, a colocação de que a mulher, após consultar sua consciência, decide pelo abortamento “com uma ética guiada pela necessidade de vida pela generosidade”. Generosidade é disposição para a bondade. Destruir uma vida humana, dentro ou fora do útero materno, independentemente do motivo, jamais será um ato de bondade. 16. Encontramos, além disso, no texto, a justificativa e a costumeira gritaria dos aborteiros: “Sua capacidade de decisão e direito sobre o próprio corpo e a vida precisam ser respeitados também”, como se a criança, que habita o seio materno, não tivesse idêntico direito sobre seu corpo, conforme costuma afirmar e reafirmar Dom Gil Antônio, nosso Bispo. É necessário repetir e insistir: o bebê no útero materno não é apêndice da mãe, mas sim um novo ser humano. Cabe, neste item, um questionamento feito pelo Desembargador José Renato Nalini, do Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo e colaborador da Associação “Maria de Magdala”: “Por que a mulher deteria a titularidade da vida alheia, gerada numa comunhão de outras duas vidas, a da criança e a do pai?”

17.Consideramos infelizes o julgamento e a condenação explícita: “Entre essa montanha de filhos não assumidos, com certeza, há também os filhos clandestinos dos homens de carne e osso que são pilares que sustentam a Igreja Hierárquica real e simbólica”. São exceções os Sacerdotes que não assumem a sua vocação e também eles, quando arrependidos, têm o direito ao perdão de Deus. Por que não citar os filhos não assumidos de outros segmentos? 18. Abominamos as razões enumeradas no texto da educadora Bernadete em favor da descriminação do aborto no Brasil, que nos parecem elaboradas em perfeita sintonia com os documentos de 2005 do Ministério da Saúde: “Atenção Humanizada ao Abortamento – Caderno 4”, “Prevenção e Tratamento dos Agravos Resultantes da Violência Sexual contra Mulheres e Adolescentes – Caderno 6” e “Aspectos Jurídicos do Atendimento às Vítimas de Violência Sexual – Caderno 7”. Compõem, as “razões” e os documentos, um manifesto em favor da cultura da morte, dos quais discordamos.

19. A Pastoral da Mulher da Diocese de Jundiaí, que atua junto às prostituídas e ex-prostituídas, desde 1982, constatou que 78% das assistidas caíram nas malhas da prostituição devido à violência sexual infanto-juvenil e as demais tiveram como grande causa a miséria ligada à promiscuidade e/ou a troca do corpo pela droga.Entendemos que, devido a essa situação, poucas tiveram acesso à escola e condições de inserir-se no mercado de trabalho. Somos solidários a elas e nos comovemos com tantas histórias de destruição.Tal realidade, entretanto, não nos dá o direito de omitir, em situações diversas, o pecado individual, encobrindo-o com o social. Os dois ferem a dignidade humana. A mulher prostituída tem o direito de conhecer a verdade e de ser ajudada a assumi-la diante da proposta de Deus. A verdade é única, o que podemos é usar estratégias diferentes para proclamá-la, a fim de que as pessoas não se afastem, mas sim experimentem a misericórdia de Deus, Pai do filho pródigo; do bom Pastor que sai em busca da ovelha perdida.Não podemos, por conseguinte, no assunto abordado, deixar de mostrar às mulheres que o abortamento é um homicídio. Sem dúvida, apresentamos, também, a elas, o Senhor da Misericórdia, que perdoa os que se arrependem e embala, em seu Reino, os pequeninos e as pequeninas que foram brutalmente arrancados do seio materno.As mulheres, que provocaram um abortamento, são convidadas, no silêncio, a conversar com Deus e a dizer de seu arrependimento pelo aborto e de seu amor pelo filho ou filha que não permitiram que viesse à luz. Eles não desapareceram. Vivem no Senhor, como qualquer pessoa que se encontra na Eternidade. 20. Verificamos, ao longo dos 25 anos de anúncio do Evangelho às excluídas, que foram poucas as que aderiram a um abortamento em sua história de prostituição. Uma delas, para nossa alegria, recentemente, informou que, após cinco anos da Pastoral da Mulher na Diocese, portanto já no final de 1987, o abortamento, em meio a elas, “caiu de moda”. Até mesmo parteiras ou curiosas, que as procuravam para oferecer os “serviços”, deixaram de vir, já que o compromisso com a vida do nascituro se tornou prioridade.

21. A Pastoral da Mulher da Diocese de Jundiaí, para a reconstrução da prostituída e ex-prostituída, oferece, em primeiro lugar, reuniões semanais de evangelização na Catedral Nossa Senhora do Desterro e atividades diversas e cursos na Associação “Maria de Magdala”, pela Pastoral fundada, e, para os filhos e/ou netos, acompanhamento escolar e aulas de informática. As atividades visam o empoderamento da mulher e de seus filhos. 22. As assistidas, prostituídas e ex-prostituídas, da Pastoral da Mulher, em reunião no último dia 13 de fevereiro, na sala azul da Catedral Nossa Senhora do Desterro, tendo como tema o texto que nos foi enviado pela pedagoga Bernadete e o tema da Campanha da Fraternidade, admitiram que:Ø O abortamento é realmente um crime e, como crime, deve haver uma condenação e uma pena para quem o comete, colabora ou incentiva;Ø Ninguém tem o direito de matar, principalmente um ser indefeso. Consideram que é o mais torpe dos crimes;Ø O homem deve ser mais cobrado sobre sua responsabilidade na gravidez e penalizado também, em caso de abortamento, por incentivo ou omissão dele;Ø Para impedir um abortamento, o mais importante é o acolhimento, uma “boa palavra” e a oração;Ø Seria importante a Igreja manter um serviço de orientação para emprego e adoção;Ø Na falta de emprego, a mulher deveria ser mais bem informada sobre onde conseguir pelo menos o leite para os filhos;Ø Para a mulher em desespero, por uma gravidez indesejada, devido à situação financeira precária para criar o filho, poderia existir a possibilidade de adoção à distância, pelo menos parcial, da criança;Ø O trabalho da Pastoral da Mulher é a “boa palavra” para que prostituídas e ex-prostituídas levem a gravidez até o fim.Todas elas têm consciência de que, a partir da fecundação, existe em seu seio uma nova criatura.Foram muito fortes os testemunhos delas em favor da vida, a partir da experiência de mantê-la, independentemente das inúmeras dificuldades.

23. Entendemos que é essencial mostrar a vida como um dom de Deus e com abertura para as realidades eternas: a vida que vem de Deus e deve se conduzir para Ele. 24. Ressaltamos algumas considerações do Texto-Base da Campanha da Fraternidade deste ano, para iluminar o agir em relação à defesa da vida, junto a todos os segmentos:

“Dessa forma, os ainda não nascidos, os doentes, os idosos, os miseráveis, os famintos, os analfabetos, os marginalizados e os excluídos em geral perdem seu valor intrínseco. Constrói-se uma cultura da morte e da exclusão, que amplia e vai atingindo a todos os desfavorecidos, pois todos eles parecem cada vez mais descartáveis na sociedade” (40). “É necessário chegar ao coração do drama vivido pelo homem contemporâneo: o eclipse do sentido de Deus e do homem, típico de um contexto social e cultural dominado pelo secularismo que com seus tentáculos invasivos, não deixa de pôr à prova as próprias comunidades cristãs. (…) É no íntimo da consciência moral que consuma o eclipse do sentido de Deus e do homem. (…) Mas, em certo sentido, é posta em questão também a ‘consciência moral’ da sociedade: esta é, de algum modo, responsável, não só porque tolera ou favorece comportamentos contrários à vida, mas também porque alimenta a ‘cultura da morte’, chegando a criar e consolidar verdadeiras e próprias ‘estruturas do pecado’ contra a vida” (128).

“O caminho para a realização de nossa liberdade não passa por definirmos, por nós mesmos, o que é bom e o que é mau, mas sim em aderir ao caminho do bem que, por obra de Deus, está inscrito em nossa própria natureza” (162). “Não há como admitir o aborto em ‘alguns casos’. Não se pode aceitar a eliminação de uma pessoa inocente em nenhum caso” (209). “Tem-se de começar por renovar a cultura da vida no seio das próprias comunidades cristãs. Muitas vezes os crentes, mesmo até os que participam ativamente na vida eclesial, caem numa espécie de dissociação entre a fé cristã e suas exigências éticas a propósito da vida, chegando assim ao subjetivismo moral e a certos comportamentos inaceitáveis” (257).

“Assistimos hoje a novos desafios que nos pedem ser voz dos que não têm voz. A criança que está crescendo no seio materno e as pessoas que se encontram no ocaso de suas vidas são exigências de vida digna que grita ao céu e que não pode deixar de nos estremecer. Diante da banalização da vida e de tantas formas de atentado contra a dignidade humana, somos chamados a nos preparar de todas as formas para agir em defesa da vida humana desde a fecundação até sua morte natural” (258).

“Apoiar e acompanhar pastoralmente e com especial ternura e solidariedade as mulheres que decidiram não abortar, e acolher com misericórdia aquelas que abortaram, para ajudá-las a curar suas graves feridas e convidá-las a ser defensoras da vida” (273). 25. Prosseguiremos em nosso trabalho baseado no que diz Jesus Cristo e em comunhão com a Igreja:

“Se permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará (Jo 8, 31-32)”. Somos contrários à busca de subterfúgios que mascaram a realidade e não libertam as pessoas.

26. Nas próximas reuniões, durante o tempo da Quaresma, refletiremos, com as assistidas, sobre outras pessoas que possuem suas vidas agredidas como os encarcerados, crianças com dificuldades de aprendizagem nas escolas públicas, doentes e idosos que necessitam do sistema SUS, crianças e adultos especiais, dependentes químicos etc. Concluímos, em nosso posicionamento em favor da vida temporal e eterna e radicalmente contra o aborto em qualquer situação, com as palavras proclamadas veementemente por nosso Bispo DOM GIL ANTÔNIO na Missa de Cinzas e de abertura da Campanha da Fraternidade deste ano: “NÓS CREMOS NA PÁSCOA!”

Nós cremos no sepulcro vazio e desejamos ser testemunhas de Jesus Cristo, em favor da vida - da fecundação à morte natural -, até os confins da terra. “Nós cremos na Igreja, una, santa, católica e apostólica. Professamos um só batismo para a remissão dos pecados. E esperamos a ressurreição dos mortos e a vida do mundo que há de vir” (Credo Niceno-Constantinopolitano).

Em reconhecimento à sacralidade da vida humana e à dignidade da pessoa, em comunhão com a Palavra, a Tradição e o Magistério da Igreja, optamos pela vida, pela felicidade, pelo bem, pela bênção, andando nos caminhos de Deus e observando Seus mandamentos, estatutos e normas, em resposta à proposta de Moisés aos israelitas, antes do povo eleito entrar na Terra Prometida e que se encontra no Livro do Deuteronômio, 30, 15-20.

“NÓS CREMOS NA PÁSCOA!”

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

"Católicas" pelo direito de decidir??????

Por:

Dom Redovino Rizzardo, cs- Bispo de Dourados/MS

A Campanha da Fraternidade de 2008, promovida pela Igreja do Brasil, escolheu como tema a defesa da vida. Dentre as inúmeras iniciativas a que se recorreu para difundir o evento, uma delas foi a confecção de um DVD por uma organização católica de São Paulo, dedicada à produção de material audiovisual. Nele, foi incluída uma palestra de Dulce Xavier, líder da organização “Católicas pelo Direito de Decidir”. Através da internet, o movimento apresenta sua fisionomia e identidade com estas palavras: “Católicas pelo Direito de Decidir é uma entidade feminista, de caráter inter-religioso, que busca justiça social e mudança de padrões culturais e religiosos vigentes em nossa sociedade, respeitando a diversidade como necessária à realização da liberdade e da justiça. Constituída no Brasil em 1993, promove os direitos das mulheres (especialmente os sexuais e os reprodutivos) e luta pela igualdade nas relações de gênero e pela cidadania das mulheres, tanto na sociedade quanto no interior da Igreja Católica e de outras igrejas e religiões, além de divulgar o pensamento religioso progressista em favor da autonomia das mulheres, reconhecendo sua autoridade moral e sua capacidade ética de tomar decisões sobre todos os campos de suas vidas”.

Contudo, é muito diferente a realidade que se oculta sob palavras aparentemente tão bonitas, que poderiam até ser aceitas se tomadas globalmente. Sempre que suas representantes conseguem se fizer ouvir em congressos ou eventos semelhantes, demonstram que, de católicas, nada conservam além do nome. O seu verdadeiro objetivo não parece ser outro senão a implantação da prática do aborto em todo o mundo.
Ao tomar conhecimento da intervenção de Dulce Xavier, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil solicitou a suspensão da venda do DVD e seu imediato recolhimento. O motivo que levou a produtora a dar voz e vez à expoente de um movimento tão estranho à doutrina católica foi, segundo o seu diretor, proporcionar um contraponto, a fim de suscitar a discussão nas comunidades, de modo que os argumentos pró e contra o aborto pudessem ser confrontados.

Na carta enviada aos bispos do Brasil, o Secretário-Geral da CNBB, Dom Dimas Lara Barbosa, adverte que as “Católicas pelo Direito de Decidir” “não são uma organização católica nem falam pela Igreja Católica, pois promovem posições contrárias ao magistério da Igreja. Trata-se, no caso, de uma apropriação indébita do adjetivo “Católicas” para disseminar, de maneira desonesta, idéias e argumentos errôneos como se fossem autenticamente católicos”.

E dirigindo-se especificamente ao diretor da empresa responsável pela publicação do audiovisual, acrescenta: “Lamento ter que lhe comunicar essa decisão, mas não é apenas o nome da CNBB que está em jogo: é a própria fidelidade à missão evangelizadora da Igreja, chamada a anunciar a todos o Evangelho da Vida”.

O debate que se seguiu em alguns meios de comunicação social girou em torno de uma pergunta: os católicos têm o direito de decidir ou precisam obedecer cegamente às orientações de uma hierarquia não raras vezes acusada de conservadora?
Como pessoa normal, adulta e madura que todo cristão busca ser, ele não pode ceder a outros a responsabilidade de suas decisões. “A decisão é sua”, diz uma canção muito conhecida. A Bíblia não cansa de o lembrar, mas, como reza o lema da Campanha da fraternidade deste ano, também pede: “Escolhe a vida” (Dt 30, 19) e tudo o que concorre para seu pleno desenvolvimento, como o bem, a justiça e o amor.

Bento XVI, ao discursar por ocasião da comemoração dos 25 anos da promulgação do Direito Canônico, no dia 25 de janeiro deste ano, não falou diferente: “A lei da Igreja é, sobretudo lei da liberdade, lei que nos livres para aderir a Jesus”.

Para o cristão, a liberdade se conquista dia a dia, e o leva a ter vontade e forças para escolher sempre o que mais o realiza e o que mais ajuda a sociedade a crescer. Por isso, todas as suas decisões são fundamentadas na palavra de Deus.

Infelizmente, o que alguns movimentos feministas fazem - consciente ou inconscientemente - é pôr-se a serviço da cultura de morte que ameaça todos os segmentos da sociedade. Contudo, não basta ser contra o aborto. Nesse e noutros campos, a credibilidade da Igreja brota de sua presença e de se compromisso com a multidão de pessoas que jazem à margem da estrada da vida…


Fonte: Diocese de Dourados-MS

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

"Não chores tanto, menina, é apenas uma célula"

Fonte: http://contra-o-aborto.blogspot.com/
O texto que vai abaixo é uma tradução livre de um artigo publicado no jornal espanhol ABC. Nele, o jornalista Domingo Pérez traz a história de uma jovem que abortou seu filho pressionada pelo noivo e por sua mãe.

María de la Cuesta, a jovem que passou por esta dolorosíssima experiência, felizmente conseguiu reerguer-se do abismo de culpa e dor ao qual foi empurrada. Por suas palavras podemos bem sentir a confusão da cabeça de uma jovem que, por saber que carregava dentro de si uma vida, a vida de seu filho, rejeita a idéia do aborto, e que vê, com horror, aqueles de quem esperava compaixão e compreensão virarem-lhe as costas.

São histórias assim que não vemos contadas por feministas. Para elas, mulheres como a jovem María são fracas. As palavras da enfermeira que a atendeu - "Não chores tanto, menina, é apenas uma célula" - mostram a pior face do aborto: a desumanização do concepto.

Todo o discurso abortista vai sintetizado na frase da enfermeira que ia, qual um Pilatos de nosso tempo, lavar as mãos e ajudar no assassinato de um inocente. O "apenas uma célula" leva em seu seio a mentira, o descaso, a desinformação, o desleixo com a vida alheia, com uma vida em estágio bem frágil, mas plenamente humana como cada um de nós.

E é isto que os abortistas não conseguem esconder de todos, como não o conseguiram da confusa María: que o aborto é a eliminação cruel de um ser humano. Pouco importa o método, seja químico ou cirúrgico, e pouco importa o tempo, sejam 24 horas, 13 semanas ou 8 meses após a concepção, o produto final de um aborto é apenas um: um ser humano eliminado quando no estágio mais frágil de sua vida.

Deixemos o jornalista contar-nos a história de María... Deixemos, principalmente, que María conte-nos todo o drama que viveu, e compartilhemos a dor desta jovem que é, também, a dor de tantas jóvens, e que é a dor do nosso tempo.


***

Não chores tanto que é apenas uma célula
(original aqui)

Por Domingo Pérez

María de la Cuesta desejou contar-nos a terrível experiência pela qual passou quando, aos 17 anos, a obrigaram a abortar. E desejou contar dando-nos seu nome e sobrenome, orgulhosa de como conseguiu retomar sua vida, mas, ainda assim, com o coração na mão, a voz entrecortada e as lágrimas caindo de seus belos olhos "porque nunca te perdoarás e jamais te esquecerás de que mataste teu filho".

A história de María é uma história terrível, mas comum. Encaixa-se no perfil mais comum das mulheres que interrompem voluntariamente suas gestações: menores de idade ou muito jóvens que engravidam e são obrigadas, contra suas vontades, a abortar por pressão de companheiros ou da própria família e por causa de sua situação socio-econômica. Não há cifras oficiais, mas os especialistas consideram que entre 75 a 80% das mulheres que passam por esta penosa experiência têm este perfil.

Onze semanas e três dias

Possui uma voz doce. Emociona-se quando relembra os episódios do drama pelo qual passou quatro anos atrás: "Por circunstâncias familiares, sai de casa bem jovem. Vivia com meu noivo e, após algum tempo, notei um atraso na menstruação. Fiz testes de farmácia e deram negativo. Pensamos que era algum desajuste hormonal, mas eu ainda me sentia estranha. Insistia que estava grávida. Meu noivo dizia que era uma gravidez psicológica. Acabamos por decidir ir ao ginecologista".

"Após fazer a ultrasonografia -- continua --, o médico disse-me que eu estava grávida de onze semanas e três dias. Aquilo foi uma tragédia. Eu queria continuar com a gravidez; meu noivo, não. Dizia que eu estava louca, que não tínhamos trabalho e nem dinheiro; que, se eu desse à luz, me deixaria... Procurei ajuda junto à minha mãe. Fui vê-la. Estava disposta a voltar a ficar com ela, apesar de todas as desavenças". Mas sua resposta foi cruel: "Em minha casa não entras de barriga". A pressão foi intensa. Ameaças de seu noivo, de sua mãe...

"Terminamos no clínico-geral. Ele nos disse que se desejávamos abortar deveria fazê-lo o quanto antes. Ele se encarregou de todos os trâmites. Como eu era menor de idade, deveria ir acompanhada de minha mãe. Meu noivo também foi. Eu não queria entrar na clínica. Praticamente fui arrastada. Não parava de chorar. O psicólogo falou para que me deixassem a sós com ele. Quando meu noivo e minha mãe saíram, eu implorei para que ele me ajudasse, que eu queria ter o bebê, pedi-lhe que não assinasse o documento".

Era a terceira vez que ela pedia ajuda desesperadamente e a terceira em que lhe foi negada. Primeiro, por seu noivo, depois sua mãe e, finalmente, por um profissional da saúde, que, por sinal, era quem deveria dar autorização ao aborto.

"Disse-me que eu não me preocupasse, que ele se encarregaria de tudo, que me tranqüilizasse e que passasse à sala anexa". Durou muito pouco a esperança. "Em seguida entrou uma enfermeira. Disse-me que tirasse a roupa e pusesse a camisola. Foi então que me dei conta de que ninguém iria me ajudar e comecei a chorar". María faz uma pausa. A voz lhe falta. Seus olhos ficam marejados. "É que me dá tanta pena", sussurra. Passam alguns segundos e retorna ao ponto em que parou: "Não parava de chorar e então a enfermeira me disse: 'Não chores tanto, menina, é apenas uma célula. Não doerá. Apenas alguns minutos e pronto. Logo passa". Neste exato momento eu quis sair do quarto. Procurar meu noivo, dizer-lhe que poderíamos dar a criança, que não era preciso abortá-la... Mas não me deixaram. Levaram-me à sala de cirurgia. Ali estava a cama e ali me colocaram. Chorava. Não parava de chorar".

"Dizem que não dói. É mentira. A dor te acompanha toda a vida. O que fazemos nos pesa para sempre. Nunca te perdoas. Mataste a teu filho. Fora isto, sofri muitos efeitos secundários. Não parava de vomitar. Não conseguia alimentar-me. Tive muitas dores abdominais. Emagreci muitíssimo. Mas toda a dor física não é comparável à psicológica. Cada vez que olhava uma mulher empurrando um carrinho de bebê ou via uma mulher grávida ou mesmo crianças brincando na rua invadia-me uma tristeza profunda. Não podia deixar de pensar se meu filho teria sido menino ou menina, como teria sido seu rostinho, suas mãozinhas...".

Nestes momentos de total desânimo, de profundo desespero, María tomou uma decisão bastante audaz: "Decidi que voltaria a engravidar tão logo passasse a convalescença". Em segredo, esperando pacientemente que passassem estes dias de repouso recomendados pelos médicos, dedicou-se a buscar a ajuda que antes lhe havia sido negada.

Após 45 dias, encontrava-se novamente grávida, disposta a ser mãe a qualquer preço, a preencher o vazio enorme que sentia, a ter a seu filho vencendo a qualquer dificuldade. Desta vez tinha um passe de trem no bolso, que lhe haviam enviado, desde Madri, o pessoal da AVA ("Asociación de Víctimas de los Abortos"). "Ofereceram-me toda a ajuda necessária: o passe, uma boa acolhida, dinheiro, assistência psicológica e médica... No dia em que eu sairia de casa, com a mala já pronta, eu contei a meu noivo o que faria. Ele desabou. Pediu-me perdão. Disse-me que pensava então que haviámos feito o que era melhor, que se havia equivocado, suplicou que eu não o deixasse... Juntos, refizemos nossas vidas. Eu o perdoei. Eu perdoei a todos, menos a mim mesma".

"Quando entrei na sala de parto, foi muito difícil. A cama utilizada é do mesmo tipo que se utiliza para abortos. A posição é a mesma. Quando deitei-me nela outra vez, não pude evitar reviver tudo aquilo novamente. Não podia deixar de pensar que era a segunda vez que ali me deitava e que na primeira vez tiraram meu filho morto de meu ventre. Não sou religiosa, mas daria qualquer coisa para que um dia pudesse reencontrar-me com a criatura que matei, pedir-lhe perdão, suplicar-lhe que me perdoe..."

María desfruta agora da presença de Paula, sua pequenina filha de quatro anos. "Um filho é tudo. Não me separei dela nem um minuto desde que nasceu. Quando estás sem rumo na vida, e disto eu entendo um bocado, teu bebê te dá um objetivo".

"Decidi-me a contar minha experiência -- reconhece -- porque penso que quem procura ajuda, encontrará; mas, sobretudo, falta informação. É dada muito pouca informação e, se houvesse mais informação, muitas mulheres não abortariam, porque não é algo nem suave e nem indolor. É o pior dos assassinatos. O sofrimento é terrível. Teu filho, teu próprio ser, não morreu porque tenha ficado doente ou tenha sofrido um acidente, mas porque você decidiu eliminá-lo. Pesa em tua consciência por toda a vida. É cru, desta forma".

Processo doloroso

Beatriz Mariscal, psicóloga especialista no tratamento a mulheres que passaram por este sofrimento, pensa que deveria ser mais comentada a "síndrome pós-aborto, mesmo que não esteja relacionada nos manuais de diagnóstico. Quase todas as mulheres passam por fases similares. Repetem-se em quase todas. Sofrem um stress agudo, uma profunda depressão. Quase sempre precisam de tratamento psicológico e psiquiátrico a base de medicamentos. Basicamente, passam por um doloroso processo, acentuado por um forte sentimento de culpa, motivado porque foram elas que causaram a morte de seus filhos". Uma mulher que aborta irá passar, segundo a especialista, "antes ou depois, de acordo com suas características, por todas ou por algumas destas cinco fases: 1a.) o choque inicial, quando percebem o que realmente fizeram; 2a.) negação; 3a.) a ira (mostram-se irritadiças, perguntam-se inúmeras vezes: "por que isto acontecer comigo") ; 4a.) depressão (sentem-se culpadas, e a apatia as domina); e 5a.) a aceitação. E então desejam ajudar outras mulheres na mesma situação, ou contar publicamente sobre tudo o que passou. Há de se ter muito cuidado, porque é muito freqüente que haja pessoas que desejem dar este passo antes ainda do recomendado e é necessário contê-las".

O caminho para atingir o último estágio é longo. "Nunca menos de um ano de terapia -- avisa Mariscal --, ainda que, na realidade, as seqüelas durem por toda a vida. Deve-se acompanhá-las quando voltam a engravidar e também quando se tornam mães, porque podem projetar em seus filhos os sentimentos de culpa, e mostrar uma excessiva proteção sobre eles.

Beatriz mostra que em suas pacientes encontra traços muito parecidos: "São mulheres a quem faltam valores, imaturas, instáveis, que atuam sob forte influência de pais, noivos ou parentes e que se vêem submetidas a uma intensa pressão social, econômica ou trabalhista".

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Declaração de Aparecida/SP em defesa da Vida

Confira, na íntegra, a Declaração de Aparecida em Defesa da Vida


Canção Nova Notícias, Aparecida (SP)(www.cancaonova.com)

Dom Dimas Lara Barbosa, secretário geral da CNBB, lendo a Declaração de Aparecida em Defesa da Vida

Nós, reunidos no Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Brasil, de 6 a 10 de fevereiro de 2008, representantes brasileiros e do continente europeu no I Congresso em Defesa da Vida promovido pela Comissão em Defesa da Vida da Diocese de Taubaté com o apoio do Conselho Episcopal Latino Americano e do Caribe (Celam), Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Arquidioceses de Aparecida e de Brasília, Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Associação Nacional Pró-Vida e Pró-família, Federação Paulista em Defesa dos Movimentos em Defesa da Vida, Associação Nacional Mulheres Pela Vida, Frente Parlamentar contra a Legalização do Aborto, Human Life International, Alianza Latinoamericana para la Família, Agência Zenit e outras entidades representativas da sociedade civil bem como membros do Congresso Nacional Brasileiro, de Assembléias Legislativas, de Câmaras Municipais e de pastorais diversas, procuramos ser uma resposta imediata ao que propõe a CF-2008 no Brasil com o tema: Fraternidade e Defesa da Vida e Lema: Escolhe Pois a Vida tendo realizado um intenso e aprofundado intercâmbio cultural e de experiências no que tange ao respeito à vida e à dignidade da pessoa humana, especialistas das mais diversas ciências e renomadas personalidades da bioética com expressivas lideranças nacionais e internacionais, no esforço de ampliar a conscientização das inúmeras ameaças e ataques sem precedentes à família e à dignidade da pessoa humana, que contrariam a Lei Natural e a garantia do primeiro de todos os direitos humanos que é o direito à vida.

A legislação não pode basear-se sob um mero consenso político mas, principalmente, sob a moral que se fundamenta sobre uma ordem natural objetiva. A sexualidade compartilha dos direitos e da dignidade do ser humano e declina-se a felicidade e santidade humana e à construção da família segundo a Lei de Deus. Coloca-se também como um dos primeiros frutos da V Conferência Episcopal latino-americana e do Caribe, celebrada neste mesmo local em maio passado que o Santo Padre, o Papa Bento XVI, destacou a necessidade de os povos garantirem o direito a uma vida plena, própria de filhos de Deus, com condições mais humanas. E para isso é preciso fomentar a cultura da vida para desenvolver plenitude à existência humana, em sua dimensão pessoal, familiar, social e cultural no discurso inaugural da conferência. E antes disso, depois de estudarmos e refletirmos sobre esses fenômenos, destacamos:

Desde 1952 foi criado um programa mundial que referente ao controle mundial da população do planeta, em especial aos países mais pobres. Esse programa foi desenvolvido inicialmente pelo Conselho Populacional criado pela Fundação Rockefeller, que inclui a disseminação de uma mentalidade antinatalícia, compreendendo a implantação de anti-conceptivos, o aborto legal e outros ataques contra a vida, dentro de uma perspectiva geopolítica e eugênica ao invés de combater a pobreza investindo no desenvolvimento econômico dos pobres. Esta mentalidade anti-conceptiva implantada, o aborto e também a eutanásia, tornaram-se parte de uma política demográfica integrada a uma política mais ampla de globalização que busca a implantação do monopólio econômico.

Desde os anos 80 o conselho estratégico elaborado pelas grandes fundações que promovem o aborto, as políticas de controle populacional têm sido apresentadas propositadamente camufladas sob a aparência de uma falsa emancipação da mulher e da defesa de pretensos direitos sexuais e reprodutivos difundidos através da criação e do financiamento de uma rede internacional de ONGs que promovem o feminismo, a educação sexual liberal e o homossexualismo.

A Organização das Nações Unidas (ONU), desde a década de 1980, comprometeu-se com as políticas de controle de natalidade que constituem atualmente um grande foco de formação. Através dos seus organismos tem procurado interrogar a Lei Natural Universal e os direitos positivos de cada nação por meio de consensos... (inaudível) em posições econômicas: Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial, Banco Interamericano de Desenvolvimento entre outros, criando ainda uma jurisprudência dominante no direito internacional pela qual o relativismo das idéias das ações, desde que havendo seus interesses, é consagrado em detrimento dos direitos fundamentais da pessoa humana, razão esta da sua criação. Assim a decretação da morte de pessoas humanas não nascidas e não produtivas através do aborto e da eutanásia passam a ser reconhecida como direito humano.

A Federação Internacional da Comunidade Planificada que constitui a segunda ONG mais abrangente no mundo, depois da Cruz Vermelha Internacional, com suas filiais locais no Brasil, seus organismos satélites, como o Grupo Parlamentar Interamericano de População e Desenvolvimento e o principal provedor de máquinas de sucção para aborto precoce tem como objetivo a implantação da contracepção, esterilização, aborto, empregamento de profissionais da área da saúde para aceitação destas práticas em todos os países em desenvolvimento.

O Governo, parlamentares, profissionais da área de saúde, universitários, os meios de comunicação social e a classe jurídica têm sido pressionados e influenciados pelos implantadores desta cultura de morte e suicídio... (inaudível), propondo a total e completa descriminalização do aborto com o que a prática se tornaria livre e por qualquer motivo durante todos os nove meses da gestação da pessoa humana.

O Governo, seja por omissão ou cumplicidade, têm cedido a estas pressões implantando programas ou políticas populacionais visando o controle demográfico.

Por tudo isso, denunciamos a implantação de uma cultura de morte que leva a perda do sentido da vida, dos valores éticos e direitos naturais dos quais deriva todo o direito positivo.

Denunciamos a tentativa de descriminalizar e legalizar o aborto na América Latina.

Denunciamos a fraude no campo científico, a manipulação da linguagem e as autorizações estatais que permitem em nossos países a fabricação e a distribuição de fármacos, ácidos para matar seres humanos, desde suas primeiras horas de vida, como ocorre com a pílula do dia seguinte e o dispositivo intra-uterino, DIU.

Denunciamos os programas estatais para liberar o aborto por via indireta, como as normas técnicas do Ministério da Saúde que autorizam o aborto por mera declaração da interessada.

Denunciamos a implantação de uma educação sexual escolar hedonista, dissociadas ao amor e centralizada na genitalidade, promovendo uma ideologia de gêneros e impondo o homossexualismo às crianças e jovens.

Denunciamos as tentativas de implantar a eutanásia no País por meio de resoluções dos conselhos profissionais.

Propomos manter observadores permanentes no Congresso Nacional e outras Casas de Lei de modo a um acompanhamento eficaz das propostas relativas aos autênticos direitos humanos à vida e à família.

Aproximar ações legais para acertarem as violações dos direitos humanos aqui denunciadas, sem exceção alguma.

Promover o conhecimento da doutrina social da Igreja pelo entendimento e fidelidade na sua vivência dentro da perspectiva do Evangelho da Vida.

Opção decisiva pela vida humana e por sua plena dignidade implementando-a por meio de todas as pastorais educativas.

Exigir o cumprimento da ação efetiva em defesa da vida por todas as instituições, organismos, líderes de poder competente, o respeito integral à vida e à dignidade humana assinalando como primeiro requerimento ou Organização das Nações Unidas pela decretação da Moratória sob a pena de morte no mundo, especificamente dos não nascidos, dos idosos e inválidos.

Santuário de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, 9 de fevereiro de 2008.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Depoimento do Dr. Mauro Figueiroa marcou o Congresso Internacional em Defesa da Vida em Aparecida/SP

"A sociedade quis me matar e hoje eu sou doutor"


Dr. Mauro Figueiroa conta seu testemunho de amor à vida

Um dos momentos que marcaram a tarde desta quinta-feira, 07, no I Congresso Internacional em Defesa da Vida, foi o testemunho do doutor Mauro Figueroa.

Confira a transcrição, na íntegra:

“Fala-se hoje sobre a defesa da vida. Falo sobre isso há mais de 50 anos.

Nasci em maio de 1940 em Machu Picchu, no Peru. Cheguei ao mundo com 20 centímetros e com 900 gramas. Não conheci as minhas mãos. Não conheci meus pés. Meus pais, a princípio, ficaram muito emocionados e choraram muito, preocupados com o que seria do meu futuro, um dia. Mas, mesmo assim, eles me deram calor humano paterno e materno.

Tenho sete irmãos, todos perfeitos e normais. Deus iluminou o coração dos meus pais para que me amassem e não me desprezassem.

A imprensa peruana falou muito mal do meu nascimento, dando notícias exageradas, como “Nasce criança de três cabeças”.

15 dias após meu nascimento, meus pais receberam quase 100 pessoas que foram a minha casa para me visitar. Pessoas vestidas de cordeiro, mas que, na verdade, eram lobos. Eram preconceituosas. Aqueles que se julgavam poderosos e importantes na sociedade, que julgavam a pessoa pelo tamanho e pelo físico e não pelo espírito, foram pedir a minha mãe que me mostrasse a eles. Minha mãe questionava o porquê de tanta gente. E os preconceituosos diziam que, simplesmente, queriam me conhecer, dizendo: “Trouxemos presentes para esta criança”. Ela com muito cuidado me levantava do berço e me conduzia para a sala onde estavam as pessoas.

Enquanto olhavam para mim, uma mulher, que estava ao meu lado, cuspiu no meu rosto. Nessa hora minha mãe me levou de volta para o quarto e voltou para a sala de visita para pedir uma explicação. Dirigiu-se à pessoa que fez isso e, chorando, perguntou: “Por que a senhora fez isso com a criança? Por que você cuspiu no rosto do meu filho?” Já estavam todos combinados e uma só voz falava: “Nós viemos, aqui, em nome da sociedade peruana para pedir que você mate seu filho. Ele é um deficiente inútil para a sociedade. Quem vai tomar conta desta criança?”

Mamãe chorava. Mãe é mãe quando é verdadeira mãe. Mamãe nunca me desprezou, nunca negou seu amor. E, implorando, falou: “Não me importa a sociedade, Deus deu vida a esta criança e eu vou tomar conta dela. Por favor, não me peçam para matar meu filho”. E a multidão então falou: “Deixe-nos entrar no quarto dele, dê licença, saia da porta”. E minha mãe disse: “Não sairei da porta do quarto do meu filho. Se vocês querem matá-lo, terão que passar por cima do meu cadáver”. Os preconceituosos desistiram e minha mãe fugiu comigo para outra cidade, onde me criei.

Eu digo, nesta tarde, que não era a sociedade peruana que queria minha morte, mas um grupo de egoístas.

Passaram-se 67 anos e quem sou agora? Será que sou um parasita? Será que sou um mendigo, um inútil ou um mercenário? Hoje sou um doutor, advogado criminalista. Sou professor da Universidade de Lima, sou escritor literário e defensor dos Direitos Humanos.

Todos temos o direito de viver. Todos temos o direito de nascer. A mãe não deve abortar, não deve ser tão egoísta. A mãe deve amar seu filho como Nossa Senhora amou Jesus.

Para encerrar, pergunto à humanidade: “Se a mãe de Bento XVI tivesse cometido a prática do aborto existiria Bento XVI para o mundo? E quantos “Bentos XVI” as mães matam, jogam pela janela, no lixo e no rio? Quantos seres importantes deixaram de vir ao mundo?”

Fonte:www.cancaonova.com

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Estado laico e Estado ateu (Blog do Prof. Felipe Aquino

Fonte: http://blog.cancaonova.com/felipeaquino

Recebi esta matéria do Dr. Paul Medeiros Krause, Procurador do Banco Central em Belo Horizonte (MG), e bacharel em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais. Nele o Procurador explica muito bem que estamos rumando para um Estado totalitário e ateu, e não para um Estado laico. Os católicos precisam entender isso… e agir. O silêncio dos bons é a causa da vitória dos maus.




Prof. Felipe Aquino - www.cleofas.com.br

Estado laico e Estado ateu

Sob o pretexto de construir um Estado laico, os pensamentos marxista e liberal, filhos do iluminismo burguês, pretendem, na verdade, implantar um Estado totalitário confessional: ateu. O argumento fácil do Estado laico, utilizado como a panacéia de todos os males, presta-se a iludir os incautos, pois o que em realidade se deseja é que o Estado possua uma crença oficial: o ateísmo institucionalizado, com sua doutrina moral complacente.

Já que a inexistência de Deus nunca foi provada, só poderemos designar o ateísmo de crença, pois não se baseia em dados objetivos, demonstrados racionalmente.

Gustavo Corção, partindo da idéia magistral de Santo Agostinho, distinguiu, em “Dois Amores – Duas Cidades”, duas formas de civilização: a antiga, clássica, e a medieval, caracterizadas pela prevalência do homem interior, pela convicção da existência de uma alma racional, nota essencial do ser humano e criadora de cultura, como também de valores transcendentes que norteiam-lhe a existência, dentre eles a solidariedade; e a civilização moderna, em que predominam o homem exterior e correntes de pensamento materialistas, que negam a existência de uma alma racional no homem, e, por outro lado, privilegiam o indivíduo, o egoísmo, prometendo o paraíso na terra: a distribuição igualitária dos bens materiais ou o exercício absoluto da liberdade.

Extraordinariamente precisa é a afirmação de um dos personagens de Dostoiévski, em “Irmãos Karamazóvi”: “Se Deus não existe, tudo é permitido”. É da premissa falsa da inexistência de Deus que os filósofos ateus, marxistas, liberais, utilitaristas e existencialistas, tiraram as suas conclusões. Para eles, não há racionalidade no cosmos, na natureza, no universo, porque não conseguiram explicar a sua origem sem um Ser Criador. De fato, o pensamento ateu vangloria-se de ter demonstrado a inexistência de Deus, sem, contudo, tê-lo feito. O seu desenvolvimento é viciado e enganoso desde o início. Baseia-se em um dogma de fé improvado: Deus não existe. Infelizmente, muitos endossam as suas teses e a sua moral relaxada sem atinar para o seu crasso vício de origem. Encampam-nas, tais pessoas, sem qualquer indagação mais ou menos profunda sobre a sua gênese.

Para as filosofias ateístas, notadamente a marxista e o liberalismo radical, as vítimas da sociedade ou o indivíduo, respectivamente, podem tudo: matar e mentir em nome da revolução socialista, realizar abortos, dar cabo à própria existência e viver uma sexualidade conforme o seu gosto pessoal. O aborto e a vivência de uma sexualidade contrária à natureza humana passam a ser “direitos humanos”. Com efeito, inúmeros projetos de lei e decisões judiciais brasileiros inspiram-se em correntes de pensamento ateístas e agnósticas, que se presumem mais racionais, mas que são incapazes de identificar uma lógica no mundo objetivo da natureza, em que se insere a dualidade de sexos. Trata-se de uma ideologia racionalista, deturpação da racionalidade. Tal ideologia é estimulada por poderosas instituições internacionais, como a Fundação Ford e a Fundação MacArthur. Uma breve consulta na internet permite a qualquer um verificar o quanto tais fundações destinaram de recursos a pesquisas e a projetos de pós-graduação em universidades de diversos países, inclusive do Brasil, com afronta à soberania de tais nações e sabe-se lá com que objetivos.

Em resumo: a legalização do aborto, da prostituição, da eutanásia, da união civil e da adoção por homossexuais, do uso de drogas decorrem diretamente de correntes de pensamento ateístas (o neomarxismo da Escola de Frankfurt e o neoliberalismo radical). É preciso que a população tenha isso presente, para que se dê conta de que o Estado brasileiro caminha para se tornar um Estado com religião oficial e não um Estado laico: um Estado totalitário ateu, que decretou a morte de Deus e que investe duramente contra a liberdade religiosa. Um Estado cujo deus é o individualismo, e cujo paraíso é o prazer material.

(Fonte: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=10911)

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Prof. Felipe Aquino nos explica como viver melhor a Quaresma

Como viver bem o tempo da Quaresma

Neste tempo especial de graças que é a Quaresma devemos aproveitar ao máximo para fazermos uma renovação espiritual em nossa vida. O Apóstolo São Paulo insistia: “Em nome de Cristo vos rogamos: reconciliai-vos com Deus!” (2 Cor 5, 20); “exortamo-vos a que não recebais a graça de Deus em vão. Pois ele diz: Eu te ouvi no tempo favorável e te ajudei no dia da salvação (Is 49,8). Agora é o tempo favorável, agora é o dia da salvação.” (2 Cor 6, 1-2).


Cristo jejuou e rezou durante quarenta dias (um longo tempo) antes de enfrentar as tentações do demônio no deserto e nos ensinou a vencê-lo pela oração e pelo jejum. Da mesma forma a Igreja quer ensinar-nos como vencer as tentações de hoje. Daí surgiu a Quaresma.

Na Quarta-Feira de Cinzas, quando ela começa, os sacerdotes colocam um pouquinho de cinzas sobre a cabeça dos fiéis na Missa. O sentido deste gesto é de lembrar que um dia a vida termina neste mundo, ”voltamos ao pó” que as cinzas lembram. Por causa do pecado, Deus disse a Adão: “És pó, e ao pó tu hás de tornar”. (Gênesis 2, 19)

Este sacramental da Igreja lembra-nos que estamos de passagem por este mundo, e que a vida de verdade, sem fim, começa depois da morte; e que, portanto, devemos viver em função disso. As cinzas humildemente nos lembram que após a morte prestaremos contas de todos os nossos atos, e de todas as graças que recebemos de Deus nesta vida, a começar da própria vida, do tempo, da saúde, dos bens, etc.

Esses quarenta dias, devem ser um tempo forte de meditação, oração, jejum, esmola (“remédios contra o pecado”). É tempo para se meditar profundamente a Bíblia, especialmente os Evangelhos, a vida dos Santos, viver um pouco de mortificação (cortar um doce, deixar a bebida, cigarro, passeios, churrascos, a TV, alguma diversão, etc.) com a intenção de fortalecer o espírito para que possa vencer as fraquezas da carne.

Na Oração da Missa de Cinzas a Igreja reza: “ Concedei-nos ó Deus todo poderoso, iniciar com este dia de jejum o tempo da Quaresma para que a penitência nos fortaleça contra o espírito do Mal.”

Sabemos como devemos viver, mas não temos força espiritual para isso. A mortificação fortalece o espírito. Não é a valorização do sacrifício por ele mesmo, e de maneira masoquista, mas pelo fruto de conversão e fortalecimento espiritual que ele traz; é um meio, não um fim.

Quaresma é um tempo de “rever a vida” e abandonar o pecado (orgulho, vaidade, arrogância, prepotência, ganância, pornografia, sexismo, gula, ira, inveja, preguiça, mentira, etc.). Enfim, viver o que Jesus recomendou: “Vigiai e orai, porque o espírito é forte mas a carne é fraca”.

Embora este seja um tempo de oração e penitência mais profundas, não deve ser um tempo de tristeza, ao contrário, pois a alma fica mais leve e feliz. O prazer é satisfação do corpo, mas a alegria é a satisfação da alma.

Santo Agostinho dizia que “o pecador não suporta nem a si mesmo”, e que “os teus pecados são a tua tristeza; deixa que a santidade seja a tua alegria”. A verdadeira alegria brota no bojo da virtude, da graça; então, a Quaresma nos traz um tempo de paz, alegria e felicidade, porque chegamos mais perto de Deus.

Para isso podemos fazer uma Confissão bem feita; o meio mais eficaz para se livrar do pecado. Jesus instituiu a Confissão em sua primeira aparição aos discípulos, no mesmo domingo da Ressurreição (Jo 20,22) dizendo-lhes: “a quem vocês perdoarem os pecados, os pecados estarão perdoados”. Não há graça maior do que ser perdoado por Deus, estar livre das misérias da alma e estar em paz com a consciência.

Jesus quis que nos confessemos com o Sacerdote da Igreja, seu ministro, porque ele também é fraco e humano, e pode nos compreender, orientar e perdoar pela autoridade de Deus. Especialmente aqueles que há muito não se confessam, têm na Quaresma uma graça especial de Deus para se aproximar do Confessor e entregar a Cristo nele representado, as suas misérias.

Uma prática muito salutar que a Igreja nos recomenda durante a Quaresma, uma vez por semana, é fazer o exercício da Via Sacra, na igreja, recordando e meditando a Paixão de Cristo e todo o seu sofrimento para nos salvar. Isto aumenta em nós o amor a Jesus e aos outros.

Não podemos esquecer também que a Santa Missa é a prática de piedade mais importante da fé católica, e que dela devemos participar, se possível, todos os dias da Quaresma. Na Missa estamos diante do Calvário, o mesmo e único Calvário. Sim, não é a repetição do Calvário, nem apenas a sua “lembrança”, mas a sua “presentificação”; é a atualização do Sacrifício único de Jesus. A Igreja nos lembra que todas as vezes que participamos bem da Missa, “torna-se presente a nossa redenção”.

Assim podemos viver bem a Quaresma e participar bem da Páscoa do Senhor, enriquecendo a nossa alma com as suas graças extraordinárias; podendo ser melhor e viver melhor.

Prof. Felipe Aquino – www.cleofas.com.br

Por que a Quaresma?

Arquivado em: Conversão — Prof. Felipe Aquino at 3:45 am on Quarta-feira, Fevereiro 6, 2008

Desde os primórdios do Cristianismo a “Quaresma marcou para os cristãos um tempo de graça, oração, penitência e jejum, afim de obter a conversão. Ela nos faz lembrar as palavras do Mestre divino: “Se não fizerdes penitência, todos perecereis” (Lc 13,3).

Esses quarenta dias que precedem a Semana Santa, são colocados pela Igreja para que cada um de nós se prepare para a maior de todas as Solenidades litúrgicas do ano, a Páscoa, a grande celebração da Ressurreição de Jesus, a vitória Dele e nossa sobre o Mal, sobre o pecado, sobre a morte e sobre o inferno.

A celebração litúrgica não é mera lembrança do passado, algo que aconteceu com Jesus e passou, não. Jesus esta´ presente na Liturgia. O Catecismo diz que: “Pela liturgia, Cristo, nosso redentor e sumo sacerdote, continua em sua Igreja, com ela e por ela, a obra de nossa redenção.” (§1069). Isto é, pela Liturgia da Igreja Ele continua a nos salvar, especialmente pelos Sacramentos, e faz tornar presente a nossa redenção.

Mas, para que o cristão possa se beneficiar dessa celebração precisa estar preparado, com a alma purificada e o coração sedento de Deus. A Igreja recomenda sobretudo que vivamos aquilo que ela chama de “remédios contra o pecado” (jejum, esmola e oração), que Jesus recomendou no Sermão da Montanha (Mt 6, 1-8) e que a Igreja nos coloca diante dos olhos logo na Quarta-feira de Cinzas, na abertura da Quaresma.

A meta da Quaresma é a expiação dos pecados; pois eles são a lepra da alma. Não existe nada pior do que o pecado para o homem, a Igreja e o mundo.

Todos os exercícios de piedade e de mortificação têm com objetivo de livrar-nos do pecado. O jejum fortalece o espírito e a vontade para que as paixões desordenadas, especialmente aquelas que se referem ao corpo (gula, luxúria, preguiça), não dominem a nossa vida e a nossa conduta. A esmola socorre o pobre necessitado e produz em nós o desapego e o despojamento dos bens terrenos; isto nos ajuda a vencer a ganância e o apego ao dinheiro. A oração fortalece a alma no combate contra o pecado. Jesus recomendou na noite de sua agonia: “Vigiai e orai, o espírito é forte mas a carne é fraca”. A Palavra de Deus nos ensina: “É boa a oração acompanhada do jejum e dar esmola vale mais do que juntar tesouros de ouro, porque a esmola livra da morte, e é a que apaga os pecados, e faz encontrar a misericórdia e a vida eterna” (Tb 12, 8-9).

“A água apaga o fogo ardente, e a esmola resiste aos pecados”(Eclo 3,33). “Encerra a esmola no seio do pobre, e ela rogará por ti para te livrar de todo o mal” ( Eclo 29,15).

Jesus ensinou: “É necessário orar sempre sem jamais deixar de fazê-lo” (Lc 18,1b); “Vigiai e orai para que não entreis em tentação” (Mt 26,41a); “Pedi a se vos dará” (Mt 7,7) . E São Paulo recomendou: “Orai sem cessar” (I Ts 5,17).

Quaresma é pois tempo de rompimento total com o pecado. Alguns pensam que não têm pecado, se julgam irrepreensíveis, como aquele fariseu da parábola que desprezava o pobre publicano (Lc 18,10 ss); mas na verdade, muitas vezes não percebem os próprios pecados por causa de uma consciência mal formada que acaba encobrindo-os. Para não cairmos neste erro temos de comparar a nossa vida com aqueles que foram os modelos de santidade: Cristo e os Santos.

Assim podemos nos preparar para o Banquete pascal glorioso do dia 23 de março próximo, encontrando-se com o Senhor ressuscitado e glorioso com a alma renovada no seu amor.

No Brasil, a CNBB incorporou `a Quaresma a Campanha da Fraternidade, para aproveitar esse tempo forte de espiritualidade para o exercício da caridade e também da cidadania. Neste ano o tema é “Escolhe pois a vida”; a luta contra todo desrespeito `a vida humana, sobretudo o aborto, eutanásia, inseminação artificial, manipulação de embriões, uso da “camisinha”, da pílula abortiva do dia seguinte, etc.

É uma grande oportunidade que Deus nos dá para lutarmos especialmente contra o aborto que ronda e ameaça ser legalizado em toda a América Latina. Nenhum católico pode se calar neste momento. O silêncio dos bons não pode permitir que a audácia dos maus sobressaia e implante o terrível crime em nosso país. O chão sagrado desta Terra de Santa Cruz, não pode ser manchado com o sangue inocente de tanta criança assassinada no ventre das mães. Nem as cobras fazem isso.

Prof. Felipe Aquino – www.cleofas.com.br