São Paulo escrevendo aos romanos a mais de dois mil
anos já alertava: “A criação foi sujeita ao que é vão e ilusório (Rm 8,20).
Na trajetória tumultuada da humanidade, uma sombra
persistente se delineia: a sujeição à vaidade. Como se tocados por uma obsessão
incontrolável, os indivíduos anseiam não apenas pelo domínio do mundo, mas
também por subjugar cada alma que compartilha este planeta. A ambição desmedida
dita regras, e a sede louca e insaciável por honra, aplauso e adoração se torna
uma força de movimento inegável.
Em
sua busca incessante pelo poder absoluto, a humanidade revela uma faceta
obscura, disposta a transgredir limites éticos e morais. Se oferecessem o mundo
como um tabuleiro de xadrez, muitos moveriam suas peças com voracidade,
ignorando as consequências sobre aqueles que caem como peões em sua trajetória
implacável.
A
vontade de subjugar não se limita a terras e fronteiras; estende-se aos
corações e mentes, criando uma teia de dominação que ameaça a essência mesma da
convivência humana. A sede de aplausos e adulações transforma-se em um
combustível para ações questionáveis, onde o indivíduo sacrifica princípios em
troca de uma efêmera validação externa, onde por fora “bela viola, por dentro,
pão bolorento”. Nosso Mestre e Senhor já os chamava de sepulcro caiado a
dois mil anos.
A
apropriação desenfreada de criaturas, sejam elas seres humanos, animais ou
recursos naturais, ilustra a natureza insaciável desse anseio desenfreado. A
humanidade, às vezes, parece esquecer que compartilha o mesmo lar com milhares
de formas de vida, todas merecedoras de respeito e preservação.
A
jornada rumo à transcendência desse impulso desenfreado é um desafio coletivo.
Ao reconhecer a fragilidade dessa busca desenfreada por glória pessoal, a
humanidade pode encontrar um caminho mais equilibrado, onde a compaixão e a
colaboração substituam a tirania da vaidade. É na busca por uma honra pura,
construída sobre a base do respeito mútuo, que a humanidade pode redescobrir
sua verdadeira grandeza.
Peçamos a Deus, na intercessão de Nossa Senhora, mãe dos humildes, o Dom da Humildade, tão necessária aos tempos modernos. Amém!
2 comentários:
“Vaidade das vaidades — diz o Eclesiastes —, vaidade das vaidades, tudo é vaidade! ”
Que proveito tira o ser humano de todo o trabalho com o qual se afadiga debaixo do sol?
Uma geração passa, outra vem, e a terra continua sempre a mesma.
O sol se levanta, o sol se põe e se apressa para voltar a seu lugar, onde renasce.
O vento gira para o sul e dobra para o norte; passando ao redor de todas as coisas, ele prossegue e volta aos seus rodeios.
Todos os rios correm para o mar, e o mar contudo não transborda; para o lugar de onde saíram voltam os rios, no seu percurso.
Todas as coisas são difíceis e não se pode explicá-las com palavras. A vista não se cansa de ver, nem o ouvido se farta de ouvir.
O que foi, é isto mesmo que será. E o que foi feito, é isto mesmo que vai ser feito:
não há nada de novo debaixo do sol. Uma coisa da qual se diz: “Eis aqui algo de novo”, ela já nos precedeu, nos séculos que houve antes de nós.
Eclesiastes 1,2-10
Muito bem lembrado a passagem do Eclesiastes
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