terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

Eu quisera ter palavras para expressar tudo aquilo que se sente ao Te encontrar… (Padre Zezinho, scj)

Quantas vezes as palavras nos faltam para dizer o que se passa em nosso interior! Há experiências que não comportam em palavras. É bem provável que o grande apóstolo, o mais amado, São João Evangelista, tenha terminado o seu evangelho com escrito: “Jesus fez ainda muitas outras coisas. Se fossem escritas uma por uma, penso que nem o mundo inteiro poderia conter os livros que se deveriam escrever”.

 



Pode-se interpretar esse trecho como uma hipérbole, uma exagerada expressão, mas ao considerarmos as experiências humanas que transcendem a linguagem, torna-se plausível que o apóstolo tenha recorrido a esse artifício para encerrar sua narrativa por falta de palavras para expressar. Às vezes, o indizível, o inefável, ultrapassa os limites da comunicação verbal.

O Padre Zezinho tentou expressar em música aquilo que se passa quando há uma conversão de uma alma:

 

“Eu quisera ter palavras para expressar
Tudo aquilo que se sente ao se encontrar
Uma estrela a nos guiar, uma voz a nos falar
Uma pedra preciosa pela qual a gente deixa
Tudo aquilo que pensava ter
Uma pedra preciosa pela qual a gente deixa
Todo o bem que a gente tem

Eu quisera ter palavras pra dizer
O que existe bem la dentro do meu ser
Um desejo de saber, uma fome de entender
O porquê de tantos ais, tanta angústia e tanta paz
Nos caminhos a se percorrer
O porquê de tanta dor
Tanto amor e desamor
Nos caminhos do viver”

Nossas vivências mais profundas frequentemente escapam às palavras convencionais. É como se tentássemos traduzir em letras e sons algo que pertence a uma esfera além da linguagem. A complexidade das emoções, a grandiosidade das experiências espirituais, ou a intensidade dos momentos transformadores podem desafiar a capacidade da linguagem de capturar plenamente o que vivemos.

Assim, ao utilizar a hipérbole, São João Evangelista pode ter reconhecido a limitação das palavras diante de experiências indescritíveis. Essa escolha sugere que, mesmo para um apóstolo, a conexão com o divino e a plenitude das experiências vividas com Jesus transcendem a expressão verbal. Em face do inexprimível, o recurso à hipérbole torna-se uma tentativa humana de transmitir a magnitude do indizível.

Peçamos a Deus o dom de comunicar sempre a verdade com caridade, Amém!

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